segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

O bom humor faz de tudo tolerável!

Novamente aquelas frases que vemos por aí vêm e caem como uma luva, como se fosse um ensinamento divino em resposta às nossas preces desesperadas. Então, você estava naquele mau humor, numa angústia de pré-irritação e escuta aquela leve piada que te desarma. E meio que sem querer, involuntariamente teu lábio espicha pro lado e o melhor que se faz é assumir aquela risada e perder a chance de arrumar uma boa briga.
Bom também era se todos fossem capazes de entender o seu senso de humor, quando você está com a cabeça leve e tudo corre bem, mas aparece aquela pessoa que vai tentar, de todas as formas, tirar o seu bom humor, por que o dia dela não correu bem, ou brigou em casa, ou é da pessoa ser assim mesmo. Só que você está de tão bom humor que nem assim ela te tira do sério. Mas, aí ela toca na ferida... fala da sua mulher! Fala da sua mãe! E aí não dá mais. Você acaba partindo pra briga - judicial - pois estamos falando de pessoas civilizadas, não mais no tempo da barbárie!
Por óbvio o advogado tradicional identificar os institutos típicos da responsabilidade civil ou de uma ofensa à honra.
Entretanto, vamos chamar a atenção pra dois institutos que beiram a juridicidade, justamente pela sua ajusticialidade. O humor e a tolerância!
É possível processar alguem pelo mau humor? Não, não é? São, portanto, obrigações de cortesia, que mais se apresentam no campo da moral do que no da ética e muito menos no direito. Entretanto, os juristas tendem a atrair a solução dos problemas da modernidade para dentro do direito, quando poderiam achar a melhor solução afastando-a dele. Posso dizer, sem que isso seja uma piada, que o Humor se situa num patamar de moralidade ainda maior que a do direito (eita que isso mais parece uma piada sem graça). Mas por falar de 'graça' é ela um valor ainda mais nobre que o direito, porque traz consigo o perdão e não a punibilidade (mas isso discutiremos depois). Portanto, fica a dica, quem rir logo rir melhor. Evitem que qualquer aflição de nossa vida pessoal seja problema de justiça. Ela não vai nunca te dar a boa sensação de um sorriso expontâneo bem humorado.
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A tolerância é o outro instituto que vamos tocar. E agora já podemos pisar na seara jurídica.
Adverte Von Thur, dever de tolerância só tem quem pode contrapor-se a ato de outrem, mas não está, juridicamente, autorizado a isso. Não há dever de tolerância com relação ao que de nenhum modo se pode evitar." Nesse caso, já estamos falando da tolerância como um bem jurídico, em que gera pra mim um dever - o dever de tolerar. É um nobre dever porque pressupõe que somos iguais porque somos diferentes. Deu pra entender? Vamos de novo. É percebendo que cada um de nós possui peculiaridades, modos, credos, costumes, iguarias e etc., que em todos se reconhece a humanidade. A tolerância é a admissão da diferença. Pode assumir uma conotação jurídica quando o direito me impõe o dever de não reprimir. Ou pode também residir no campo da moral e da ética, e por que não do humor?
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O homem não deve perder a capacidade de rir de se mesmo, o que revela humildade e o reconhecimento de que ninguém é perfeito. É por isso que existe o Direito - para as imperfeições. Homens éticos e corretos não precisam de leis. Assim, o humor, direito e tolerância são instrumentos que nos foram dados para convivermos com nossas imperfeições.

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